quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O direito ao aborto legal e seguro é direito da mulher

Cartaz da campanha de 2010, em Buenos Aires - Argentina (Foto: arquivo pessoal)

28 de setembro: Dia Latino americano pela legalização do aborto

Somente em 2010 tomei conhecimento desta data de luta, luta feminista, mas, mais que tudo, luta de qualquer pessoa que se considere defensora de Direitos Humanos.

A criminalização do aborto, no Brasil, mostra uma das faces mais cruéis do preconceito de classe e de gênero.

Mulheres de condição social mais elevada, com poder aquisitivo maior, há décadas podem realizar procedimentos seguros de interrupção da gravidez. As vítimas da criminalização do aborto são as mulheres pobres, moradoras de regiões sem recursos médicos, na maioria das vezes, negras. E sempre, as mulheres.

Seja ela vítima de um estupro, quando é "beneficiada" pelo artigo 28 do Código Penal, aquele que diz que "não se pune" o aborto praticado por médico, se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

 Não se pune, mas ainda é crime. Não se pune o médico. Mas a mulher, que foi vítima de estupro e engravidou em consequência, é punida de várias formas. Além de ter que passar pelo crime, terá que enfrentar a escolha de ter ou não o filho, sofrendo interferências mil, nessa decisão, que é pessoal, e não deveria ser submetida ao crivo de julgamentos morais e linchamentos religiosos.

Existe uma banda, em Minas Gerais, chamada "Tia Nastácia". Tocam rock, são desbocados, irreverentes, fazem até um som interessante. Nunca estouraram nacionalmente, mas tem um número razoável de fãs nos redutos. 

Pois não é que um dia, ouvindo uma coletânea de MP3 com a discografia, me deparei com uma música que se chama "Fazedora de Anjos", e trata de uma crítica ao abortamento? 

"Dor de alma como dói
Sofrimento é ganhar pão
E alma do anjinho chora
Que viu chegar sua hora
Entre porquês e razões


Ô mãe! Eles me aspiraram
Ô mãe! Você deixou curetar
Ô mãe! Me arrancaram em pedaços
Mamãe! Eu nem pode chorar."


Incrível. Não preciso dizer quão enorme foi meu desapontamento, ao perceber que eu um reduto que se pretende, digamos, contestador, os argumentos são contra a interrupção volutária da gravidez, e mais ainda, usam dos mesmos adjetivos dos fundamentalistas cristãos e ativistas "pró-vida".Anjinhos, bebês, a epítome "mãe" como o sinônimo de tudo o que é belo e tudo a que uma mulher pode e deve aspirar a ser.


Ano passado escrevi um post sobre o tema
No decorrer destes 12 meses, tivemos a eleição de uma mulher para a presidência da República. Uma mulher, eleita por um partido que se comprometia a discutir o tema do aborto e da descriminalização.
Tivemos um julgamento histórico, nas questões homoafetivas, que foi o reconhecimento da união estável aos casais do mesmo sexo.
Outro julgamento reconheceu que as "Marchas da Maconha" são legítimas manifestações da liberdade de expressão e manifestação.
A passos de tartaruga, algumas questões tem evoluído.
Mas, um ano depois, não houve nenhum avanço significativo na questão da legalização da interrupção voluntária da gravidez.
Ainda morrem centenas de mulheres (pobres) em decorrência de procedimentos rudimentares, sem condições de assepsia ou cuidados médicos adequados.
Ainda há um comércio muito lucrativo de medicamentos abortivos, para aquelas que podem pagar.
E ainda existem propostas no sentido de estipular que a vida em potencial, do nascituro, tem maior proteção que a vida de fato e de direito, da gestante

 Doloroso ler alguns textos de ativistas "pró-vida" e ler que o procedimento seria permitido "a qualquer momento da gestação", quando todos sabemos que não é assim que funciona, que um aborto legal tem um período para ser realizado, e que a mulher, desesperada, que aborta aos seis meses, o fará com ou sem a permissão do Estado, da igreja, da família. Porque essa mulher se vê sem opção. Porque essa mulher é pobre, muitas vezes é negra, e a questão da adoção no Brasil passa por tantas mazelas quanto qualquer outra questão social e de saúde pública. 

O direito ao aborto legal e seguro é direito da mulher. 
Porque ele faz parte de plataformas feministas, outras pessoas o disseram melhor do que eu poderia dizer agora. 


Campanha da Articulacion Feminista Marcosur
A mulher é sempre a responsável pela concepção. Seja ela casada, solteira ou vítima de estupro, sobre ela (nós) recaem as cobranças quanto a se "proteger" seja da gravidez, seja do estupro. Ensinam a mulher a temer, a agir de forma sorrateira, porque a discussão, no espaço público, de quais são as verdadeiras consequências de determinados atos, são, ainda, muito exclusivas do gênero masculino, e mesmo, de um olhar masculino. 

Ainda, no Brasil, como país eminentemente católico, temos a inaceitável interferência de lobbys religiosos em todos os aspectos da administração pública, em especial, no que se refere ao âmbito das relações íntimas (questões homoafetivas) e de saúde pública, no que tange à saúde da mulher, especificamente. A visão das igrejas sobre as mulheres ainda deixa muito a desejar.
Mas tudo bem. Se eu quero mudar a igreja, eu que participem, estude, questione. Ou não: eu que me acomode, porque afinal está na Bíblia que mulher tem que ser submissa, etc et al. 
Mas, se eu não participo, não quero ter nada a ver com instituições religiosas, e sou cidadã de um estado laico, que deveria prover os direitos e garantias indivíduais de todos, independente de opção religiosa, porque sou obrigada a me submeter aos ditames religiosos? E pior, aos ditames religiosos de dogmas estabelecidos por homens, sem participaçao ou debate feminino?
Sei que existe o "Católicas pelo Direito de Decidir", bem como outras organizações religiosas que apóiamo os movimentos pró-escolha.
Mas no geral, o que vemos é um fanatismo absurdo, e incoerente, que afeta, todos os anos, milhares de mulheres, no Brasil, privadas de seu legítimo direito à interrupção volutária da gravidez.

Este post foi elaborado em atendimento ao chamado para a Blogagem Coletiva: Pela Descriminalização e Legalização do Aborto

domingo, 25 de setembro de 2011

Esperar, ansiar, recordar. Um livro e a saudade.


Dias sem escrever nada. Cabeça fervilhando, semana puxada.
Tentando dar uma acelerada e falar sobre saudades.
Porque devo escrever sobre livros que me lembrem algo, alguma época, alguém.
E a saudade não é acelerada. Pelo contrário, a saudade é lenta, arde como fogo brando. Não é fogueira. É banho-maria.
Saudade é fogo brando.
Eu sou canceriana. Sou apegada ao passado.
E como diz Wally Salomão (que tenho que ler!), “a memória é uma ilha de edição”.
Eu pego as partes boas, mas não esqueço das ruins. As vezes elas se apagam sozinhas. As vezes, são minha dose diária de amargura. Vou ingerindo as memórias ruins, até que elas se tornem palatáveis.
Saudade é seletiva. Como uma ilha de edição, eu vou montando o filme, na minha cabeça, deixando só o que há de bom, porque na verdade, eu só gosto do amargo do chocolate. Da vida, eu quero o doce.
E saudade é doce.
Saudade é recordar. Recordar. A raiz é “cor”, coração.
Recordar, decorar, saber de cor.
Tudo a ver com saudade.
Saudade de uma época.
Um livro que me lembra uma época...
Todos. Cada um, um momento.
Mas já que estou falando de saudade, vou falar de um só livro, que me lembra uma época e uma pessoa.
Me lembra de um amor.
“O Matador”. Patrícia Melo.
Me lembra da ansiedade de esperar por alguém, por alguém que era perfeito na sua imperfeição. Me lembra de esperar pelo amor.

A  história bizarra de Máiquel, e sua trajetória no mundo do crime.
A história de amor entre o matador e Erica.
Morte, sangue, sujeira.
Bem, o amor veio e se foi. E o livro se foi com ele.
Agora, só ficou a memória.
A história real foi daquelas de contar na mesa de boteco, e ainda assombrar os ouvintes.
“Mas como!? Você foi louca! Mas que legal! Ah, não fica assim, você sabia que não ia durar para sempre... “
Sim. Foi efêmero.
Sim, eu amei.
E sim, Patrícia Melo sempre vai me lembrar daquela época. Da semana mágica entre planejar e esperar, e o começo dos meses que viriam.
Esperar, ansiosa. Excitada. Alucinada.
Planejar, executar, montar todo um castelo de cartas para receber uma pessoa, e construir uma ilha de fantasia no meio da árida realidade. Cerveja, vinho, sexo, beijos e abraços, livros e filmes. Música estranha, conversas de madrugada.
O castelo desabou. Sob uma avalanche de clichês.
Mas eu sempre terei Patricia, Maiquel e Érica.
 Também estão participando a Lu, a Niara, a Marília, a Tina Lopes (quem começou com esse meme, que acaba atraindo mais e mais gente a cada dia!), a Rita, a Cláudia, a Grazy e a Mayara!


Ah, e o Pádua Fernandes, do Palco e o Mundo, e agora, a Renata Lins, do Chopinho Feminino.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ficção científica?

O desafio de hoje é escrever qual o meu livro favorito de ficção científica.
E dessa vez,  não tenho dúvidas.
Não costumo ler ficção científica. Prefiro fantasia, tipo O senhor dos Anéis e Crônicas de Gelo e Fogo.

Acredito que li 1984 e Admirável Mundo Novo. Mas foi há tanto tempo... Não me recordo tanto assim deles, para dizer que são os favoritos...

Julio Verne? Acho que li "Vinte mil léguas submarinas", mas, de novo, há tanto tempo...

De verdade, ficção científica, nem em filmes me atraem. Só Matrix (o primeiro, claro. Os 
outros, bem, os outros são os outros. Eles deveriam ter ficado só no primeiro). 
Acho que li Johnny Mnemonic. Mas, acho. Pode ter sido só o filme, com o meu lindo do Keanu.


Então. Taí. Falhei, miseravelmente. No sci-fi for you, people.
Muito frio. Muito seco. Muito sem cor, sem calor, sem amor... muito asséptico.
Muito metal.
Prefiro a fantasia.
O calor, o cheiro, lobos gigantes uivando nas florestas, deuses e deusas, fadas, orcs, vampiros, lobisomens.
Sangue jorrando, fogo ardendo na fogueira, cabeças rolando.


Também estão brincando a Lu, a Niara, a Marília, a Tina Lopes (quem começou com esse meme, que acaba atraindo mais e mais gente a cada dia!), a Rita, a Cláudia, a Grazy e a Mayara!


Ah, e o Pádua Fernandes, do Palco e o Mundo, e agora, a Renata Lins, do Chopinho Feminino.

E esse post ficou mais uma homenagem ao Keanu que um post sobre livros de sci-fi.
Mas ele merece! Rá!

Ah, só mais uma, vai!

Sobre livros e animais - ou Eu sou o Gato

Gatos combinam com livros.
Isso quando não ficam se enfiando entre nossos olhos e as páginas, indagando o que pode ser tão interessante que tira nossa atenção de suas belas presenças.
Cachorros combinam com livros.
Isso quando não decidem, literalmente, devorá-los.
Pagu, a mais calma e dengosa. Adora um colo.
 Pagu e Lili, as gatinhas, adoram se enfiar entre meus olhos e as páginas que acompanho.

Lili, a arisca. Curte ficar no alto da escada, olhando a todos de cima...

Mafalda, a viralatas monstra, já devorou "Persuasão", de Jane Austen, edição bilíngue, que estava sobre a mesa de centro. Imagino que tenho uma cadela bem culta. Ela também já comeu o sofá, e a beirada de um livro de receitas da culinária bahiana. Posso dizer que ela tem um paladar bem... eclético.
Quem vê assim, calminha, não conhece o furacão! Amo minha monstrinha!
 Toddy, o labrador chocolate, depois de pular e brincar, quando se acalma, se deita aos meus pés e me deixa ler, sossegada.

Coisa mais linda da minha vida! Amo demais esse grandão! Toddy, meu lindo.
 Já tive inúmeros animais de estimação. Minha avó gostava de bichos, e me deixava acolher os gatos abandonados pela rua. Mas eles viviam soltos, e a maioria morria (sumia) muito rápido. 

Chico foi o que ficou mais tempo conosco. Era um gato, que achamos que era gata, e chamamos de Chica. Depois de anos, sem crias, descobrimos que era um garoto. Virou Chico.
Creio que foi o animal ao qual minha avó Maria mais se apegou. Ele viveu cerca de oito anos, e conquistava até quem não gostava de gatos. Era tranquilo.
Tinha mania de dormir sobre a barriga da gente. Mais de uma vez acordei sufocada com seu peso. Era quentinho, manhoso, calmo.
Depois que minha avó morreu, ele ficou tão triste. Não comia, não sossegava, miava pela casa, procurando vovó. Sumiu cerca de duas semanas depois. Nunca mais voltou.
Ele também gostava de se enfiar entre minha cara e o livro, especialmente quando lia deitada. Afinal, eu era a almofada dele, oras! 

Hoje o desafio é falar sobre "my favorite animal book".

Um livro com animais? Um livro sobre animais? 

Bem, poderia falar sobre Flush, da Virgínia Woolf. Amei demais.
Ou sobre algum livro da infância, com seus animais pensantes e falantes.

Ou sobre Marley e Eu, que ganhei de presente, e confesso que até chorei.
Sobre Dewey, a história de um gato de biblioteca, que viveu vinte anos em uma biblioteca de uma pequena cidade dos Estados Unidos.

Ou sobre Moby Dick, que para mim, é sobre a baleia e não sobre o capitão Ahab. 

Isso diz muito sobre mim: eu sempre torço para o animal, e não para o homem.
Torço para o touro acertar o toureiro, torço para o leão devorar o caçador.

Entre os bichos, torço para que o gato vença do rato, naqueles desenhos animados estúpidos do Disney e de Hanna Barbera. 

Gosto de passarinhos soltos, e não de psicopatas emplumados como o Piu-piu. Sempre quis que o Frajola finalmente conseguisse comer aquele chato.

Então... taí. Sempre assim, eu começo a escrever e a coisa flui, e acabo descobrindo sobre o livro que cabe aqui: meu favorito é "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor".
Sim, é um livro infantil. E sim, é do Jorge Amado. 
E é lindo.
A história de um gato malvado, que se apaixona por uma andorinha boazinha.
E eles desafiam as fofocas e a própria natureza...
Na verdade, a narrativa, de infantil, não tem nada.
O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato Maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e dona Andorinha.
(AMADO, 1979, p. 07).

O gato era malvado, feio, rabugento.
Um canalha.
Puxa, Jorge o descreve assim: 
[...] o Gato Malhado estirou os braços e abriu os olhos pardos, olhos feios e maus.
Feios e maus na opinião geral. [...] Naquelas redondezas não existia criatura mais
egoísta e solitária. Não mantinha relações de amizade com os vizinhos e quase
nunca respondia aos raros comprimentos que, por medo e não por gentileza, alguns passantes lhe dirigiam. [...] Devo dizer, para ser exato, que o Gato Malhado não tomava conhecimento do mal que falavam dele. Se o sabia não se importava, mas é possível que nem soubesse que era tão mal visto, pois quase não conversava com ninguém, a não ser, em certas ocasiões, com a Velha Coruja. (AMADO, 1979, p. 18)
O gato se apaixona pela andorinha. 
E eles vivem uma estação de amor.
Mas é uma história que estava destinada ao fracasso.



Diziam da maldade do Gato mas diziam também de sua solidão. Jamais o Gato
Malhado voltara a dirigir a palavra a quem quer que fosse. Tão grande solidão
chegou a comover a Rosa-Chá que confidenciou ao Jasmineiro, seu recente amante:
- Coitado! Vive tão sozinho, não tem nada no mundo...
Enganava-se a Rosa-Chá quando pensava que o Gato Malhado vivia solitário e não tinha nada no mundo. Bem ao contrário, ele tinha um mundo de recordações, de doces momentos vividos, de lembranças alegres. Não vou dizer que fosse feliz e não sofresse. Sofria, mas ainda não estava desesperado, ainda se alimentava do que ela lhe havia dado antes. Triste no entanto, porque a felicidade não pode se alimentar apenas de recordações do passado, necessita também dos sonhos do futuro. (AMADO, 1979. p. 48)
Se eu antes me identificava com o gato, hoje, mais ainda. 
E olhem, eu não lembrava especificamente deste trecho, não estou com o livro aqui, e não achei para baixar na net... 

Pois é.
Eu sou o gato Malhado.

* aqui tem um estudo sobre a obra. Muito bacana (mesmo eu não tendo entendido patavinas do lance da narrativa e tal, pelo menos consegui alguns trechos, já que acho que dei meu livro para uma sobrinha) 



Também estão participando a Lu, a Niara, a Marília, a Tina Lopes (quem começou com esse meme, que acaba atraindo mais e mais gente a cada dia!), a Rita, a Cláudia, a Grazy e a Mayara!


Ah, e o Pádua Fernandes, do Palco e o Mundo, e agora, a Renata Lins, do Chopinho Feminino.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Melhor ser sozinha do que viver num mundo desses

Recebi essa "maravilha" hoje, por e-mail.
Já havia bloqueado a pessoa em uma das contas, porque não aguento pérolas como essas.
Ele insistiu, em outro endereço de e-mail.
Ainda bem que não é uma pessoa do meu convívio, foi só alguém que conheci em algum evento, onde se trocam e-mails com todos.
Mas não sou burra nem ingênua de acreditar que não existem inúmeros, incontáveis, como ele. E elas, óbvio que aqui se incluem as mulheres.
E já vai um aviso: se vc concorda com o "autor" do e-mail:
me bloqueia, me unfolla, me erra, tá bom?
Bjs!
 
Repassando ...


É isso ai!!!

 RESPOSTA DE UM GAY AO MARCELO TAS E a PRETA GIL Depravada

ESTE É UM POSICIONAMENTO CORRETO, SENSATO E COERENTE DE UMA PESSOA
DIRETAMENTE ENVOLVIDA COM A QUESTÃO HOMOSSEXUAL.

 
  Repassando...
 Tenho 42 anos, sou gay, advogado e moro em Londres. Nunca sofri nenhum tipo
de discriminação em virtude de minha orientação sexual. E como gay, penso
que tenho alguma autoridade nesse assunto.

Primeiramente - e já contrariando a turba - gostaria de expressar minha
sincera simpatia pelo Sr. Bolsonaro, que no fundo deve ser uma pessoa de uma
doçura ímpar, apesar de suas manifestações "grosseiras e/ou politicamente
incorretas". Vou direto ao assunto.

  Nunca tive problemas em ser homossexual porque sou uma pessoa normal, como
qualquer heterossexual. Esse negócio de viver a vida expressando
diuturnamente sua sexualidade é uma doença. A sexualidade é algo que se
encontra na esfera da intimidade e não diz respeito a ninguém.

  Não tenho trejeitos e não aprecio quem os tem. Para mim, qualquer tipo de
extremo é patológico. Minha vida é dedicada e focada em outras coisas.
Outros, como doentes que são, vivem a vida focados na sexualidade. O machão
grosseiro e mulherengo ou a bicha louca demonstram bem estes extremos.
Qualquer tipo de pervertido ou depravado (como a Preta Gil), o pedófilo,
etc, estão neste barco.

  Nunca fui numa parada gay e jamais irei, pois para mim aquilo é um circo de
horrores, uma apologia à bizarrice e à cocaína - sejam francos e falem a
verdade! Hoje aplaudimos o bizarro e a perversão doentia e ainda levamos
nossos filhos pra assistir. Se a parada gay realmente fosse um ato político,
relembrando sua real importância histórica, muita bem caberia no carnaval -
abrindo o desfile das escolas de samba. Muito mais apropriado.

  Está rolando sim, um movimento das bichas enlouquecidas, no sentido de
transformar o mundo num grande puteiro-hospício gay. Eu tenho um sobrinho de
11 anos e nunca senti a necessidade de explicar para ele que o "titio é
gay" - isto é uma palhaçada. As crianças devem ser educadas no sentido de
respeitar o próximo e ponto. Isto engloba tudo.

  Se pararmos para olhar como o mundo se encontra, temos que reconhecer que o
modelo de educação que se desenvolve há décadas foi criado no sentido de
deseducar e desestruturar cultural e intelectualmente as massas.
Universidades por todo mundo vomitam milhões de pseudos-intelectuais todos
os anos, mas tudo piora a cada dia e caminhamos a passos largos para o
buraco. Todos os governos do mundo conspiram contra seus próprios cidadãos e
se transformaram em grandes máfias, junto com os Bancos e as Corporações
estão levando tudo, inclusive (e principalmente) nossa própria humanidade. A
corrupção se alastra pelo globo e nunca vimos tantas guerras e descrições
que vão desde o aspecto moral, até o material - a destruição de nosso
próprio planeta.

  A coisa está tão feia, mas tão feia, que somente uma intervenção "divina" é
capaz de frear nossos insanos governantes e a turba alucinada. Vejam a
quantidade de manifestações de OVNIS pelo mundo. O “disclosure” é iminente.
2012, como símbolo de transformação está aí e a peneira vai passar.

  Não crucifiquemos o pobre do Bolsonaro. Tenhamos o entendimento de que seu
comportamento é um grito de agonia de alguém que está lá para fazer o seu
papel, pois se ninguém disser um chega BEM ALTO a coisa sairá dos limites -
como já está saindo. Ele é sim a expressão de milhares e milhares de
pessoas, para não dizer milhões. Ele pode ser meio atrapalhado, mas não está
errado não. E tenho certeza que esse blá-blá-blá de dar porrada no filho se
for “viado” é só da boca pra fora. Ele é uma pessoa boníssima. Eu tenho
certeza disso.

  O mundo precisa de amor e filosofia, não de mais ódio e fanatismo.
 
."..É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos.
É graças aos soldados, e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa.
É graças aos soldados, e não aos poetas, que podemos falar em público.
É graças aos soldados, e não aos professores, que existe liberdade de ensino.
É graças aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo.
É graças aos soldados, e não aos políticos, que podemos votar..."
BARACK OBAMA 
PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA EM DISCURSO NO MEMORIAL DAY

Enganam-se aqueles que pensam que as Forças Armadas estão despreparadas ou desatentas
com os destinos do Brasil.

FIZEMOS ONTEM, FAREMOS SEMPRE!

sábado, 10 de setembro de 2011

Por que ler os clássicos

Nesse décimo dia do meme dos trinta livros, o desafio é escolher o clássico favorito.
E vou citar o Italo Calvino (amo!), na obra "Por que ler os clássicos", uma deliciosa coletânea de ensaios, críticas, prefácios e resenhas.

O primeiro texto, da edição brasileira de 2002, da Cia das Letras, propõe, antes de listar os motivos para ler os clássicos, uma (várias) definição do que seriam "os clássicos".

1 - Classicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: "Estou relendo..." e nunca "Estou lendo"

2 - Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.

3 -  Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõe como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.


4 - Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.

5 - Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura.

6 - Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer o que tinha para dizer.

7 - Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes)

8 - Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe.

9 - Os clássicos são livros que, por mais que pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.

10 - Chama-se clássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs.

11 -  O "seu" clássico é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele

12 - Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia.

13 - É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.
14. É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.


Os clássicos servem para entender quem somos....


Meus clássicos favoritos, porque, neste aqui, #EpicFail...

1 - Orgulho e Preconceito 

Não é o primeiro livro publicado da Jane Austen, mas foi um dos primeiros a ser escrito, com o título inicial de "First Impressions". Acho bem mais adequado que o "Orgulho" do Darcy (ele não é orgulhoso) e o "Preconceito" da Lizzy. Diante do sucesso de "Razão e Sensibilidade", os editores mudaram o título para outro.
Entre os livros da autora, é o que mais foi feliz ao utilizar a ironia para descrever a sociedade inglesa do começo do século XIX. Mas, tirando o aspecto literário e histórico, me encanta, até hoje, anos depois da primeira leitura, o romance entre Lizzy e Darcy, a mesquinharia da Sra. Bennet, a pateteza do Senhor Bennet, o rídiculo Senhor Collins. Me entristece pensar em Charlote, e ao mesmo tempo que me divirto, me irrito com a piriguetice da Lydia, a irmã caçula... (em um grupo de leitura do qual comecei a participar, lemos outro dia Orgulho e Preconceito, e ficamos fazendo a transposição do grupo para os dias atuais, no Brasil. Bath seria Porto Seguro, com muita paquera, pegação, azaração. rs)
Ainda é atualizado, Bridget Jones mesmo, o diário, é uma obra livremente inspirada, e até o nome do galã é Darcy... 
Entre os homens de Austen, meu favorito é o Frederic de Persuasão. Mas Mr. Darcy sempre tem o seu encanto!

2 - O Mercador de Veneza 

Shakespeare é um gênio. Como disse o Calvino, os clássicos vão influenciar a própria cultura, formar a própria linguagem. A língua inglesa se consolidou depois do Bardo. Adoro Hamlet, me divirto com A Megera Domada, amo A Tempestade, me entristeço com Otelo.
Mas o Mercador é fantástico!
Especialmente o papel do advogado... 
Brilhante uso do Direito! 
Todo estudante de Direito deveria ler, todo jurista deveria reler.
(Não vou comentar sobre o evidente anti-semitismo do texto, não é o momento. Mas, mantendo a leitura crítica, é bem possível transpor para uma leitura de excelente qualidade!)

3 - O cortiço

Aluizio Azevedo descreve cruamente a vida em um cortiço, um local onde a classe mais pobre da época vivia, se alegrava, sofria e morria. 
É triste, é preconceituoso, usava idéias lombrosianas para justificar o comportamento das pessoas. 
Odeio João Romão. Sofro com Bertoleza. 
Me lembrei dele aqui, para o post. Vai voltar para pilha da mesa de cabeceira.

4 - A Ilíada e A Odisséia

Já era encantada com a mitologia e a história grega desde criança, com a Emília e os Doze Trabalhos de Hércules. 
Quando li Homero, foi como se reencontrasse amigos queridos. Eles já viviam, dentro de mim. 


5 -  Cândido  ou o otimismo

Gente, é incrivel a história de Cândido. 
Uma Pollyanna iluminista, com um senso crítico e um humor fascinantes, poderia resumir, toscamente.
Hilário e instrutivo.
"Devemos cultivar nosso jardim"...

6 - A hora da estrela

Conheci Clarice Lispector com esse livro.
Macabéa, triste figura, Macabéa.
Incompetente para a vida.
As vezes, somos todos meio "Macabéa"....

7 - O Evangelho segundo Jesus Cristo

Depois de anos de crise com o catolicismo, o Jesus de Saramago conseguiu me levar, efemeramente, de volta para os braços da Igreja - foi provisório e não durou. A figura humana retratada no romance é tão maior que qualquer figura que qualquer religião retrate... É mais próxima, mais real, mais verdadeira, na ficção, do que nos textos religiosos. Poderia fundar uma religião sobre ela? Jamais. E aí está o ponto principal...

Bem, já voram sete, sete é um número cabalístico, nasci no mês sete, são sete os pecados capitais.
E estes são os meus clássicos capitais!

Também participam do desafio 
O Palco e o Mundo