quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Revolução em mim - sobre os livros da minha infância


Eu adoro ler. Acho que tenho muita sorte por ter sido criada em contato com a leitura, com os livros, com o fantástico mundo da ficção, e ter tido a oportunidade de desenvolver esse hábito, que não é um hábito, é um vício mesmo. Um vício virtuoso, se é que isso existe...

Adoro ganhar livros. Quer me agradar, me dê um livro. Vou ler, com certeza. Posso até não gostar, mas vou ler até o final.
Talvez por consequência, adoro presentear livros. Nem sempre é possível, se eu conheço bem a pessoa e sei que ela não tem o hábito, ou é daquelas que não gosta de nada fora do lugar na casa imaculada, onde não pode haver nada juntando pó além dos enfeites de vidro na sala, nem tento.

Mas conheço poucas pessoas assim, então, em geral, dou livros de presente; especialmente para crianças e jovens.
Para Ana Laura, minha afilhada do coração, dei “Menina Bonita do Laço de Fita”. Ela adora, levou para a escola, me pedia para ler para ela direto, e até decorou a história antes de aprender a ler.


E no aniversário de 14 anos da Lorena, filha linda de uma grande amiga, dei um livro desses moderninhos, que sei que ela gosta, com a capa cheia de glitter e muito pink, mas comprei também “A marca de uma lágrima”, do Pedro Bandeira.


Pensando outro dia sobre como a gente se torna o que é, todo o processo de influências externas e reflexões internas, pensei em todos os livros da minha infância e adolescência, que foram marcantes e me ajudaram a se quem sou.

É uma lista bem imensa, se fosse colccar todos mesmo, mas vou colocar só alguns favoritos.

Primeiro: Frances Hodgson Burnett. Não ,não é o Pequeno Lord.
É  o A pequena princesa.

Para quem acha que com um título desses, fala de contos de fadas, digo que fala, sim, mas também fala de superação, de força de vontade, de ternura, firmeza, caráter.

Minha avó Maria, que encorajava meu hábito de ler, do jeito dela, me deu um exemplar usado, aliás, me deu o dinheiro para comprar um exemplar usado de A Pequena Princesa. Acho que foi o primeiro livro que comprei... apesar de haver ganhado o dinheiro, a escolha foi minha. Tenho até hoje o livrinho, está aqui do meu lado enquanto escrevo, e sinto que é uma parte de minha vovó junto de mim.
Algumas das falas da personagem Sara Crewe são válidas para qualquer pessoa. Gosto de uma cena dela com a criada, a Becky, no qual a Sara diz: “Sabe, nós somos duas meninas iguais. Sou uma menina como você. É um mero acidente que você não seja eu e eu não seja você”
Creio que o livro foi bem avançado para a época. Existem também versões cinematográficas, mas não me marcaram.

Da mesma autora, tem o livro O Jardim Secreto.

É um primor. A tradução da Ana Maria Machado é linda, e mantém o charme do original. Foi um dos meus preferidos, e a evolução de Mary, de mimada, rancorosa e preconceituosa, intolerante, em uma pessoa que aprende a respeitar os outros, que aprende a conviver com as pessoas, junto ao também mimado e insuportável Colin, com o irmão da copeira Marta, o incrível Dickon, um verdadeiro precursor da defesa da natureza, é linda de se acompanhar. Outra vez, não gosto do filme, apesar da fotografia linda.
 Minha tia Marilene era pedagoga, supervisora na escola onde eu estudava, e tinha muitos livros em casa. Como eu vivia com minha avó, na mesma casa onde minha tia vivia, tinha contato com todos esses livros, revistas, jornais.
Meus pais moravam na casa ao lado, mas em outro lote, e eu até passava o dia com meus irmãos, mas na hora de dormir, não admitia não voltar para a casa de vovó. Sinto falta dela todos os dias.
Entre os vários livros que conheci e que eram de minha tia, guardei para mim um muito especial? Marina Marina, do Carlos Heitor Cony.

Passado na década de 70, não falava de ditadura, política ou ativismo, mas falava de uma menina que era diferente, e sofreu para se adaptar, sem perder a essência de quem era. Marina foi criada pelo pai, em uma praia no litoral sul, e aos 15 anos é mandada para o Rio para estudar. Vai viver com uma família de classe média alta, totalmente fútil, apesar do bom coração, e quase desiste ao perceber que não era aceita, porque não falava gírias, não gostava de Rolling Stones e não se vestia do jeito da moçada descolada, alem de, absurdo dos absurdos, ser uma leitora compulsiva e falar cinco linguas! 

(durante as pesquisas para achar uma imagem do livro, já que minha câmera está com defeito, descobri que o livro foi adaptado e virou novela da seis na Globo, em 1980! Uia! Com o Lauro Corona fazendo o par da Marina. Pelo que li da sinopse, não tem muito a ver com o romance... só é inspirado.)



As Meninas! Não o da Lygia Fagundes Telles, que também é bom, mas o Little Women, Mulherzinhas, da Louisa May Alcott. 

Cara, eu adoro a Jo! Na verdade, assim como naquele filme lindo do Spike Jonze, Onde vivem os monstros, acho que cada uma das personagens pode representar uma faceta da personalidade de cada uma de nós. A independente Jo, a meiga Beth, a certinha Meg e a ambiciosa Amy...E a Sra. March, que mulher incrível! 
Esse livro, se você pesquisar, vai ver que foi marcante para muita gente, olha só aqui


Encerrando, um dos principais livros da minha adolescência:  Revolução em mim, da Márcia Kupstas.

Li na oitava série, e fiz o professor indicar para a turma (porque eu era CDF até o talo nessa fase da minha vida, e todos os livros que ele pensava em indicar, eu já havia lido, então, ele achau mais fácil me pedir para indicar algum que eu havia gostado).
Conta a história de Maria Rita, filha mais velha e única menina de um casal de classe média alta, em São Paulo, no ano de 1984.
Maria Rita tinha a vida perfeita para uma adolescente de 15 anos, e começava o ensino médio (antigo 2ºgrau) em um colégio novo, ansiosa por viver novas experiências – de paqueras e viagens, porque esse era o mundinho dela.
No começo do ano, tudo desmorona: seu pai arranja uma amante, a mãe descobre, e se separa. Rita vai morar com a avó materna, D. Dinorah, na Lapa. Para quem fora criada em bairro nobre, era o fim.
Só que o aprendizado entre a jovem mimada e alienada e a avó, é lindo.
Rita descobre o amor, e junto, a vida: política, preconceito, ativismo, o outro lado do mundo cor de rosa em que fora criada.
O pano de fundo é a campanha pelas Diretas Já!, e o personagem do seu Mário, namorado da avó de Rita, é um contraponto que faz com que a menininha perceba que havia algo de errado com o mundo, e que vale a pena lutar para mudar.

De todos, é o mais feminista, na minha opinião. Veja aqui uma entrevista com a autora. 


Porque escolhi esses livros?
Talvez seja coincidência que sejam os meus preferidos, mas, vamos aos pontos em comum, entre obras tão diferentes, escritas em épocas e locais distintos.
Primeiro, o fato de que as personagens principais são femininas. Sara, Mary, Marina, Jo e Maria Rita.
E cada uma delas buscava as coisas por si.
Gostavam de ler – bem, a Maria Rita não, no começo, mas depois aprende!
Mesmo as crianças Sara e Mary tem traços marcantes, com as quais a gente se identifica.
Coincidentemente, dos cinco, quatro foram escritos por mulheres.
E eles foram o pano de fundo da minha formação, junto com Lobato, com Sidney Sheldon, com Angélica, a marquesa dos Anjos, com As Brumas de Avalon, com Machado de Assis e literatura de banca (Julia, Sabrina, Bianca e os meus queridos romances históricos, que hoje estão meio de lado, mas dos quais não me envergonho, não mais!)

Então, quero compartilhar esses livros, porque creio que podem ser bons presentes, para crianças e adolescentes, e até adultos: se você não leu Mulherzinhas, não sabe o que está perdendo!
Leia, dê de presente para sua filha, sobrinha, afilhada, aluna. São lindos.
E quem sabe a gente consiga que os meninos também leiam, e percebam que os rótulos não servem para outra coisa senão limitar nossas possibilidades de conhecer o diferente?

3 comentários:

  1. Eu li esse livro e gostei muuito , foi o livro que eu mais interessei , dos que eu ja lii

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  2. quais personagens principais

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  3. Oi Amado-a do senhor vc já leu o livro reverso... se trata de um livro arrebatador...ele coloca em cheque os maiores dogmas religiosos de todos os tempos.....e ainda inverte de forma brutal as teorias cientificas usando dilemas fantásticos; Além de revelar verdades sobre Jesus jamais mencionados na história.....acesse o link da livraria cultura e digite reverso...a capa do livro é linda ela traz o universo em destaque.
    www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?

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