terça-feira, 31 de agosto de 2010

Concurso de blogueiras - 4ª Edição


Escrevi um post para o concurso de blogueiras.
Estou postando este aqui só para poder colar o selinho que a Nathaly criou, logo acima!

Visitem o post do Escreva Lola, Escreva!
Leiam os inscritos, e votem!



segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Brazilian Star!!!


A imagem acima estava no "Retratos da Vida" (sim, confesso que visito de vez em quando, rs).

Está, no cartaz gigante - patrocinado pela TAM - a foto da "brazilian star" Ivete Sangalo.
Abaixo, dá prá ver, no cartaz menor, da entrada do metrô, o cartaz de "Os mercenários".

Ri muito, lembrando da fala do Stallone e dos nossos "patriotas" querendo boicotar o filme.

Ai ai ai... Enquanto Ivete vai para a Big Apple, Mariah veio para Barretos (e pediu um carrinho de golf para chegar ao palco. Depois não quer ser fotografada de perto, e nega que engordou 25 kg em dois anos... )

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Senhor e senhora Volante!

Um dos aspectos da vida na cidade grande que mais me perturba é o trânsito.

Atém da questão de eu trabalhar com crimes de trânsito e infrações também, eu moro perto de onde trabalho (aliás, trabalho, há quatro anos, perto de onde moro desde que nasci), e não me animo a tentar mudar de lotação por causa do trânsito (que eu NÃO tenho que enfrentar diariamente, e fico desanimada se for ter que encarar todo dia...).

Um dos desenhos animados da Disney mais bacanas que já assisti é um que tem um personagem que parece o Pateta (o Pateta é um cachorro?), e recebe dois nomes, inspirando-se, obviamente, no clássico "Dr. Jekill e Mr. Hide", de Robert Louis Stevenson.

A história é: o pacato e tranquilo Mr. Walker (Senhor Andante, que prefiro traduzir como Senhor Pedestre) é incapaz de matar uma formiga. É simpatico, sorridente, prestativo. Mas ao entrar no seu carro, se transforma no terrível Mr. Wheeler, um valentão estourado e rabugento.

O filminho é de 1950. Sim, completou 60 anos! E está mais atual que nunca. Imagino que nem o criador do desenho tivesse imaginado o ponto a que chegaram os "Senhores Volantes" em seus possantes (ou nem isso) veículos automotores.

Fico impressionada, como ocorre realmente uma transformação. E não são só os homens. Eu confesso que todos os dias, quando enfrento os outros "Volantes" pelas ruas, tento aplicar uma dose de antídoto, para não me transformar também. É contagioso, e perigoso!

Pesquisando notícias para exemplificar, deparei-me com essa aqui, dizendo que osmaiores envolvidos em brigas de trânsito são os policiais, civis e militares, que têm porte de arma. Gostaria de dizer que estou chocada, mas, infelizmente, minha experiência demonstra a triste realidade: muitos policiais, por inúmeras razões (estresse, cansaço, depressão, alcoolismo, ou mau-caratismo mesmo), acham que tomar uma "fechada" no trânsito é ofensa pessoal, e partem para a briga. E como nós temos o porte de arma, o resultado pode ser desastroso (esse é um, entre os vários motivos que tenho para ser contra o porte de arma liberado. Com teste psicotécnico e investigação de vida pregressa, ainda entram pessoas despreparadas para lidar com arma de fogo, imagino se fosse simples como comprar um carro...).


Motociclistas são enormes vítimas, mas confesso que o dia que quase matei um, juro que não vi o cara! Ele surgiu do nada! Como disse um amigo, motociclista é igual vampiro: não aparece no espelho retrovisor! (teve também o dia que quase matei outro, porque ele simplesmente desrespeitou não só a regra de trânsito, mas também a regra mais elementar do bom senso, mas deixa pra lá... e esse veio depois me seguindo, emparelhou comigo, e juro que pensei que fosse tomar um tiro do infeliz...)

Falando sério: vejo, no trabalho, não as estatísticas frias no papel, mas os casos concretos, dos jovens que morrem em acidentes de trânsito. Grande parte é de motociclistas, e a maioria é devido à própria imprudência das vítimas. Muitos não têm carteira de habilitação. Obter a CNH é difícil, tem que ser alfabetizado para passar no teste de legislação, tem que pagar autoescola, tem que pagar taxas e mais taxas... E hoje em dia, comprar uma moto é fácil até demais: 72 x sem entrada! E as pessoas compram moto, e acham que é como andar de bicicleta sem ter que pedalar! E morrem como moscas pelas ruas violentas das nossas cidades.

A nossa agressividade, sei lá se instintiva, pela sobrevivência, não teria mais razão de ser: estamos no apogeu da civilização ocidental (ou não, vai saber... pode ser no auge do declínio...) e não precisamos nos bater de fato pela sobrevivência. A luta agora é mais figurada, é a luta pela qualificação, a luta pelo status...Mas no trânsito, nos transformamos em monstros irracionais!

É assustador, e como já disse, é contagioso! Sou daquelas que xinga, de dentro do carro, jamais para fora... não mostro o dedo, não persigo quem me fechou nem colo na traseira, não pisco faróis nem buzino (quer dizer, não faço isso a maior parte do tempo, mas confesso que já incorri, pelo menos uma vez, em cada um dos comportamentos citados. Ainda bem que caí na real antes de fazer besteira, e voltei para a pista do meio, ou reduzi a velocidade e deixei o outro monstrinho ir embora, porque um ditado certo é que quando um não quer, dois não brigam!)

Parece que quando estamos dentro de um carro temos que competir até a morte, nos tornamos gladiadores romanos, precisamos exibir nossa habilidade e maestria como se estivéssemos na F-1...

Me lembro quando éramos crianças, e viajávamos para Itaguara, pela 381, antes da duplicação. Papai ia dirigindo (o perfeito “Senhor Volante...”) e nós, crianças, todos sem cinto, no carro com excesso de passageiros, íamos contando os carros que ele ultrapassava. E como ele ultrapassava! Hoje, que sou motorista, vejo os riscos que corríamos. E olhem que hoje a BR está duplicada e bem sinalizada (obra da Autopista Fernão Dias...),

Creio que o grosso das estatísticas constata que os homens são os campeões nos acidentes e nas brigas de trânsito. Mas infelizmente, vejo que nós, mulheres, não estamos caminhando em um sentido diferente. Estamos ficando impacientes, intolerantes e agressivas no trânsito, e em como já estamos em situação de igualdade numérica, apesar das inúmeras piadas sexistas de “navalhas” e outros adjetivos, temos que cuidar para não nos tornarmos também autoras e vitimas desse fatídico rol de violência no trânsito.




A gentileza e a educação estão se tornando motivo de piada no trânsito. Parar na faixa, ceder a preferência, tudo isso quase provoca acidentes, além das inevitáveis buzinadas e gestos... Dá uma falta de paciência... Mas esse estresse se volta contra nós, também, então, alguém tem que romper o círculo... Seja eu, seja você! Sejamos pacientes!!!!

E para finalizar, sendo o tema pesado e sério, vou repassar algumas dicas que recebi por e-mail, as quais, apesar do tom jocoso e chulo, são muito relevantes!!! (cuidado, contém palavrões!)








REGRAS DE ETIQUETA NO TRÂNSITO

PRATICIDADE E RESPEITO

Dicas rápidas para você aprender a não FODER com os outros motoristas que sabem dirigir no trânsito caótico brasileiro.

1. No semáforo, deixe a porra da primeira marcha engatada e quando o sinal abrir arranque. Não espere que o motorista de trás tenha que te lembrar.

2. Quando um outro motorista ligar a seta avisando que precisa entrar na pista que você está, deixe de ser filho da puta e deixe o cara passar. Certamente vai acontecer com você um dia e tu vais ficar puto(a) e histérico(a) se o outro não deixar você entrar.

3. Se você não sabe fazer baliza, tenha humildade e procure uma vaga mais fácil ao invés de ficar fodendo a vida de quem está com pressa. Ah! Se você não gosta do seu carro, problema é seu. Isso não quer dizer que os outros motoristas acham legal que fiquem dando totó nos seus carros para estacionar.

4. Largue de ser cavalo e aprenda que se a merda da placa do radar diz 60Km/h, é 60 de verdade e não
20 Km/hdisfarçado, seu bosta.

5. A vida anda muito corrida, por isso, se você gosta de passear pelas vias a 30Km/h, faça isso as 5h da manhã
, seu babaca.

6. E por falar em passear, tem os vagabundos donos de rua que não saem da pista da esquerda e teimam andar a 20km/h numa pista de 80km/h. Se você ver alguém no seu retrovisor querendo passar, pode ser um mala filho de uma puta ou uma emergência.
Como você não é a Mãe Diná, não vai te cair as pernas se deixar o apressadinho passar.

7. Que tal dar sinal de que vai entrar em alguma rua se você percebe que tem algum motorista esperando sua importante escolha?

8. Se o seu namorado vai te deixar na frente do shopping, deixem as preliminares para um local apropriado. Certamente não vai ser a última vez que você vai vê-lo, portanto, dê tchau e suma do carro, porra !!!!

9. Essa é pra você, filho da puta frustrado sexualmente que adora botar o rabo numa moto barulhenta do caralho: Por que você não bota a orelha na merda do escapamento aberto e acelera? Todo mundo sabe que o barulho da sua moto é inversamente proporcional ao seu tato com as mulheres.

10. Nossa, um acidente !!! Será que machucou alguém conhecido?? Qual é, nunca viu uma porra de uma lanterna quebrada? Então anda logo seu viado que você não precisa ficar olhando com cara de otário pra ver a desgraça dos outros ou qualquer coisinha que acontece no trânsito e andando
como se estivesse num cortejo fúnebre.

11. Outra coisa que irrita são aqueles filhos da puta que geralmente desfilam com uma piranha do lado e páram o carro na vaga de idoso ou de deficiente. Isso porque tem duas pernas e um cu funcionando, porque merecia uma surra pra realmente precisar estacionar ali. Então, mesmo na pressa, deixa de ser mané e vai procurar tua vaga!

12. Especial para nossos amigos da Polícia Militar e do DETRAN: Se é horário de movimento intenso, que tal escolher um local apropriado, parar a merda do carro e não fazer todo mundo andar a
40 Km/h prá ver a viatura nova com a porra das luzes ligadas se não tem nada acontecendo? Que tal cuidar de quem anda pelo acostamento ou tá com aquele Kombão fumacento fazendo lotação e atrapalhando todo mundo, ao invés de ficar revirando o carro dos outros pra achar uma lâmpada queimada e dizer: Ahaaaaa !!!! Como é que a gente vai fazer agora?

ISTO NÃO É UMA CORRENTE. SE VOCÊ NÃO PASSAR, SEU BRAÇO NÃO VAI CAIR E VOCÊ NÃO VAI FICAR 7 ANOS SEM TRANSAR, MAS QUANDO FIZEREM UMA CAGADA NA FRENTE DO SEU CARRO... LEMBRE QUE VOCÊ NÃO COLABOROU.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Antes que o galo cante...


Há algum tempo ocupo um cargo de chefia em uma instituição que é eminentemente masculina. Não tenho aqui dados de quando as mulheres começaram a ocupar tal cargo, mas hoje, integrando, calculo que por alto, sejamos cerca de 30% do efetivo.

Quando criança, criada com a avó, muitas vezes preferi ficar em casa, lendo, e fazendo companhia para minha avó, que era uma pessoa incrível, mas, hoje vejo, tinha algumas manias, entre elas, não gostar de festa, de sair de casa, receber visitas.

Ficava lendo, lendo, e lendo. Li toda obra de Monteiro Lobato, li quase toda a coleção Vagalume.

Minha mãe era professora, mas trabalhava na secretaria da escola, então, depois da aula, ficávamos eu e minha irmã esperando-a para irmos embora, e eu me enfiava na biblioteca (D. Conceição, a bibliotecária da E. M. Virgílio de Melo Franco, as vezes até me deixava ficar lá sozinha, no intervalo entre os turnos!). Lia de tudo. Tudo mesmo, sem critério, coisas que hoje eu não entendo, e nem me animo a ler, eu pegava e lia, com dez, onze anos.

E com uns doze ou treze anos, comecei a bisbilhotar as estantes da minha tia, que é pedagoga, e ler obras mais adultas. Érico Veríssimo, Machado de Assis, Jorge Amado, entre outros. E Best Sellers: Sidney Sheldon, Harold Robbins, Judith Krantz.

Com treze anos, li a obra completa denominada “Angélica, a Marquesa dos Anjos”, de Anne e Serge Golon (tenho até hoje, 26 volumes, ciumentamente guardados, já que custei para completar a coleção, comprando volume por volume na banca de revistas!)

Sempre me fascinaram as heroínas. Achava a Emília o máximo, sua postura questionadora, a qual todos tentavam conter chamando de "torneirinha de asneiras"!

Quando estava com 14 anos, minha avó faleceu. Mudei de vez para a casa de meus pais, que era apenas duas casas acima, e fui conviver diariamente com meus irmãos (duas irmãs e um irmão, ambos mais jovens).



Santa Catarina de Alexandria - uma mulher que foi morta pelos seus ideais, é a primeira "Doutora" da Igreja Católica, ao lado de escritores como Agostinho e Tomás de Aquino)


Tive uma formação religiosa católica. Eu ficava em casa, com minha avó, lendo, enquanto ela fazia suas orações, rezava o terço, assistia à missa na tv.

Depois da morte dela, me afastei da Igreja. Comecei o curso de preparatório para a Crisma, mas não concluí. Era muita doutrinação com a qual eu divergia.

Como me descobri feminista?

Quando comecei a questionar porque eu, mais velha, tinha horários para chegar, enquanto meu irmão caçula podia sair sozinho?

Quando ficava revoltada por ter que me reprimir e ouvir calada as “cantadas” de baixo calão que era obrigada a ouvir na rua, porque estava de short curto? E ai de mim se retrucasse! O nível baixava e uma vez um sujeito quase partiu para a agressão física.

Quando me revoltei por ver que na eleição para o grêmio estudantil, (que eu, na empolgação pelo impeachment do Collor, ajudei a recriar) eu somente valia como bastidores, porque era muito “agressiva” e "autoritária" para uma menina? (porque eu queria um posicionamento politizado, e não só festas e esportes.)


Eu posso e sei fazer. Mas posso fazer outras coisas.

Não sei. Acho que não foi aí não. Eu instintivamente questionava, até pelas leituras que fazia, mais do que a maioria dos meus colegas e amigos de adolescência, mas não me via como feminista.

E até poucos dias, continuava negando que fosse. Influenciada pela imagem de que feministas são “mal amadas”, são feias, não são mulheres? Não sei.

Quando me assumi feminista? Quando neguei que fosse.

O cargo que ocupo é na polícia. Polícia Civil. Delegado.


Emília, a boneca falante. Intencionalmente ou não, Monteiro Lobato criou um exemplo de feminismo

Nesses quatro anos, me considero uma pessoa de sorte. Nunca fui assediada. Nunca fui desrespeitada abertamente por ser mulher. Já me desafiaram por ser nova de serviço, por ser inexperiente, e principamente, por ser “dos direitos humanos”.

Mas subrepticiamente, sim, já vivi situações nas quais percebo o sexismo da sociedade e da instituição.

1 – O (à época) Agente de Polícia (antigo detetive, atual investigador) vira para mim, do nada, e, olhando minha assinatura e meu carimbo, diz:

"- Dra., a senhora sabia que não existe Delegada?”

Eu: hein??!

Ele: É, não existe a palavra delegada, só delegado!"

Me senti em uma obra do Kafka. Como assim? Eu existo, logo, Delegada existe, ou não?!?

Acreditem, mandei um e-mail para a ABL, para saber, porque realmente, nos dicionários, não existe a palavra, como opção feminina para DelegadO. Me responderam dizendo que, como a palavra se refere a um cargo tradicionamente ocupado por homens, não havia a previsão do feminino, mas que quando coubesse a transformação, não seria errado mudar a concordância e dizer “a delegadA”. Já o cabo não dá, né, ficaria a caba... feinho...

Não sei se devo ressalvar que não faço questão de dizer “herstory”, ou outras do gênero. Mas, no caso, a intenção foi cutucar.

2 – Tempos depois, já com outra intenção, um Agente de Polícia me fala:

“Doutora, com todo respeito, a senhora tem corpo de mulher mas tem cabeça de homem”!

Notem que ele queria elogiar... logo...

Não fiquei ofendida, mas me faz pensar.

3 – Um superior, bacanérrimo, as vezes, nos momento de descontração, brinca que “polícia não tem sexo”. Para não ofender as suscetibilidades ou o pudor das mais incautas (ou dos homens que se sentem desconfortáveis pelo fato de uma mulher não se incomodar com um pouco de besteira, sei lá)

Também faz pensar, não é?

Claro que tem sexo. É masculino, como são os padrões da sociedade, em geral, ora.

E por último:

Caso “Eliza Samudio” .

Li um post de um blog, da Maiara Melo, e comentei com alguns amigos, pelo e-mail. E uma amiga, pessoa incrível, que respeito muito, me respondeu assim:

“Desejo apenas fazer um questionamento: até onde nós, mulheres, queremos ser > tratadas como mulheres? Penso que o feminismo, às vezes, encaixa-se para algumas apenas quando lhes é conveniente.

O fato de que a sociedade "não chama de aproveitador o homem que submete uma mulher a transar sem camisinha" e tantas outras “verdades" ditas no texto a mim soam como mais uma oportunidade de se fazer aparecer frente à tamanha publicidade. Ora, apenas como exemplo, nos tempos atuais em que a televisão, jornais, revistas, escolas, governo, tudo e todos fazem apologia ao uso da camisinha, com todos os seus prós e informações sobre os contras,uma mulher dizer que foi obrigada a fazer sexo sem proteção, para mim, é conformismo.”

Eu me justifiquei para a amiga, dizendo:

“Não me vejo como feminista, apesar um dos meus superiores haver assim me chamado, algumas vezes.
Sou humanista, gosto de pensar.
Tento defender os grupos vulneráveis, sejam eles de negros, homossexuais, crianças, idosos ou mulheres.
No entanto, sou mulher.
Concordo com você, muitas mulheres que são agredidas se submetem.
Também já passei por situações nas quais dei tudo de mim, enquanto
profissional, consegui a prisão preventiva, cumpri. E dois dias
depois, veio a própria vítima, trazer o alvará. Que ela foi ao juiz
para pedir! Vontade de "quebrar" ela toda, eu tive, claro. Pensar que
"é mulher de malandro mesmo". Pensei.
Só que eu não consigo me colocar nos lugar dela, e nem ela no meu.
O que para mim é absurdo, pode ser, sim, algo natural para pessoas com experiências de vida diferentes da minha, que tive a sorte de nascer em uma família que me proporcionou meios para estudar, ler, ler muito, formar minhas opiniões, ousar pensar diferente.
Eu não busco privilégios exclusivos para um gênero. Licença
maternidade e paternidade deveriam ser iguais, pais e mães. Desde que ambos tivessem responsabilidades iguais, e não só que o pai
"ajudasse". Tenho uma colega que mora na Espanha, outra na Itália, outra no Canadá. Sociedades diferentes entre si, e diferentes da nossa.

Na Suécia, pelo que ouvi falar a licença paternidade é igual a licença maternidade. E homens e mulheres dividem a conta, sem drama. (Abro mais um parêntese: ações afirmativas, como cotas, tem um papel importante, sim, de inclusão social. Estamos errando, estamos mostrando o lado ruim da história, já que no Brasil nunca tivemos segregação "racial" em lei, como nos EUA e na África do Sul, mas temos que tentar.)
Sim, são pequenos atos, mas que tem uma significação mais profunda.
Ser "vítima" é uma posição de certo "poder", a psicologia explica, e a
criminologia também já possui uma área extensa, que é para alguns já
uma ciência autônoma, tratando da vítima.
No caso específico, Bruno X Eliza", temos papéis sim, que
inconscientemente são interpretados no cotidiano. E me frusta um pouco que a imprensa não possa ajudar a criar um debate sobre o tema, aprofundando a reflexão sobre o que se espera de homens e mulheres, seres humanos adultos, capazes, possuidores de livre arbitrio (até que ponto é realmente livre, não saberia dizer, mas aí, já estaria entrando em uma "vibe" meio Matrix... não vem ao caso).
O movimento feminista obteve inúmeras conquistas que para nós,
mulheres do século XXI, são naturais, mas que durante metade do século passado, para nossas mães e avós, eram privilégios.
Cursar faculdade, escolher a carreira (ser delegada?! ora, isso é uma
coisa tão "macho", há quanto tempo temos essa opção? E hoje, somos quase 30%, eu acredito), trabalhar fora (lembra do Estatuto da Mulher Casada?), comprar e vender sem "autorização" do marido (os próprios bens, e não os da sociedade conjugal)...
Votar! Essa obrigação chata, que este ano teremos que cumprir! Ter uma mulher como candidata a presidente da nação! Poxa, não é a mulher que eu gostaria, ainda mais com o vice que foi escolhido, mas há 78 anos, nem votar as mulheres podiam.
Então, creio que sim, existem mais questões sob o caso Bruno-Eliza do que as que são abordadas pela mídia. E a mídia, em uma sociedade democrática, tem o dever, a obrigação, de fomentar o debate, e não de simplesmente consolidar opiniões já existentes.

Sou católica por formação, católica caótica, já que questiono o patriarcado que é a base da igreja, defendo o direito de escolha no aborto, divórcio e o casamento igualitário. Me lembrei de Pedro, que antes de aceitar Jesus Cristo, negou por três vezes que sequer conhecesse o Messias...

Estou misturando feminismo com religião, isso não vai dar boa coisa, mas foi o sentimento!

(Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus dissera:Antes que o galo cante tu me negarás três vezes.” E, saindo dali, chorou amargamente. Mateus 26:75)

Capa do DVD "Orgulho e preconceito", baseado na obra de Jane Austen, produzido pela BBC. Jane foi uma mulher à frente de seu tempo, e pagou o preço, como mulher e como artista.

Hoje, me assumi feminista, humanista, de esquerda. Graças à Cynthia (minha orientadora na monografia da pós na Dom Helder Câmara), cheguei até a Lola, ao Luluzinha Camp, e a tantas blogueiras e blogueiros como o Tiago, do Memória Individual, e a Erica, a Inquietudine.

E sendo tudo isso, nada disso nos define por completo, não é mesmo? Seremos sempre seres em transformação.


* Este texto foi escrito para o concurso de blogueiras do blog Escreva Lola Escreva, e fala sobre como me assumi feminista)

Atualizando: para votar, vá até o http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2010/08/concurso-de-blogueiras-no-ar.html

domingo, 15 de agosto de 2010

A melhor banda de todos os tempos que nunca existiu!!!

Essa foto foi tirada ontem, no Stonehenge...




E as Snow Whites (já que o trocadilho com Snowblindetes é simplesmente... deixa para lá) já entraram para o hall das "grandes bandas que nunca existiram!", como Stillwater, Strange Fruit, Steel Dragon, The Wonders, The Commitments...

Aguardem o lançamento do 1º álbum ao vivo...

A promissora banda é formada por:

Andreza, na bateria
Marina, guitarra base
Flavinha, guitarra solo
Renata, baixo
Carol, vocal

Os roadies não aparecem na foto, mas são: Leo "chatopacas" Vedder, Andre "Spider" Aranha, Bruno "Nobru" e Mingau, também conhecidos como Snowblind... hahahaha


Se uma batalha de egos não encerrar a carreira desse incrível grupo, veremos a apresentação no Rock n' Rio 7, previsto para acontecer em Veneza, na Piazza de San Marco, em 30 de fevereiro de 2016...

Para complementar, as minhas outras bandas preferidas, no gênero "a melhor banda dos últimos tempos que nunca existiu!":


The Commitments!!!

A aposta do empresário ambicioso que quer levar o soul para a cinzenta Dublin, no começo da década de 90, me ganhou desde as primeiras cenas.
A banda nunca existiu, mas é tão real, tão ... tão... cruel e engraçado... que fica difícil acreditar que é tudo inventado.
Esse aí embaixo é o Lee Williams, que fez o vocalista original da Strange Fruit, Keith Lovell, antes de morrer de overdose... lindo demais esse guri.

Steel Dragon!!!

A banda de heavy metal, que me lembra demais o Iron Maiden, foi inspirada em um episódio real que ocorreu com o Judaspriest.
Tem gente que não gosta do Mark Wahlberg interpretando um vocalista de metal, pq ele é irmão de um New Kid, e porque já cantou rap, mas eu adorei!
Ele é canastrão, tem aquela levada cheia de marra, meio durão, e ficou gato demais com o cabelo grande! Adorei!!!
As cenas dele com a Jeniffer Aniston são ótimas, especialmente a da primeira festa a que vão juntos, e ficam muito loucos... morro de rir!


Stillwater

A banda formada pelo vocalista Russell Hammond (Billy Crudup), pelo guitarrista Jeff Bebe (Jason Lee), pelo baixista Larry Fellow (Mark Kozelek) e o batera Ed Vallencourt (Noah Taylor).

Uma das cenas mais marcantes do filme é quando, após uma batalha de egos, estão todos no ônibus, ressaqueados e ressabiados, e alguém começa a cantar Tiny Dancer, do Elton John.

Tem também a cena do avião...
A da "desvirginização" do William...
são tantas..
As músicas dos shows também são ótimas.
The Wonders!!!

The Oneneders - posteriormente, The Wonders, foram uma banda (que nunca houve) americana da década de 60. Depois da entrada do baterista Guy "Shades" Patterson (Tom Everett Scott, que parecia filho do Tom Hanks!), a bandinha do chatinho Jimmy ( ) deslancha, os quatro membros, com a namorada do Jimmy (Liv Tyler, revivendo o papel de musa de sua mãe, Bebe Buel?) partem para LA, California. Já é previsível o final...
As músicas, especialmente "That thing you do", são delícia!
Strange Fruit!!

Sobre eles eu já falei em um post aqui.
Adoro!
Mistura de Sabath, com Led, com Pink Floyd, e outras big bands da década de 70, fala das batalhas de egos, das drogas, do envelhecimento, do medo... é muito lindo o filme.
E a banda, gente, tem um entrosamento impressionante. O Bill Nighy interpreta o vocalista Ray Sims, que substitui o falecido Keith Lovell (Lee William), irmão do Brian Lovell (Bruce Robinson)... o Brian e internado em uma clínica, foge, fica incógnito por anos, depois do surto ocasionado pela morte do irmão... O baixista é interpretado por Jimmy Nail, o batera é o David Beano (Timothy Spall, engraçadíssimo), e o tecladista é o Tony Costello (o excepcional Stephen Rea).



Pois é, ainda tem outras, mas essas são as minhas favoritas.

Entre as outras, vou mencionar:

Os Irmãos Cara de Pau: clássico!
Escola de Rock: Adoro!
The Rocker, com o Rainn Wilson, de The Office (não é muito bom, mas até que rola de assistir)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Feira das vaidades - Vanity Fair!!

Adoro as capas de abril da Vanity Fair.

São interessantes, geralmente são várias estrelas e vários astros de cinema, os que são os top-top do momento (geralmente, são os cotados para o Oscar, que rola em março).

Eu tenho a edição impressa de 1997, até hoje. Quem faz as fotos são sempre fotógrafos badalados, tipo Anne Leibowitz, e tal.

Estava observando que alguns dos escolhidos decolam. E outros não...

Vejamos as capas abaixo, e vamos ver quem decolou e quem sumiu???


Abril de 2003
Abril de 1999
Abril de 1997

Abril de 2005
Abril de 1995



domingo, 8 de agosto de 2010

Domingão na rua

Dia dos Pais.
Mais uma data comercial, para celebrar algo que é natural, sendo bom ou ruim.
Meu pai está no sítio.
Eu acordei com a rinite brava, e meio ressaqueada.
Não animei a pegar a estrada.
Estava em casa, assistindo tv, lendo e com o Toddy deitado aos pés da cama, quando toca a campainha.




Era a Maria Clara, de 11 anos, com seu labrador, o Fubá.
Me chamando para levar o Toddy para brincar com o Fubá na rua.
Eu estava com preguiça de sair, mas pensei: Ah, o que custa, uns dez, quinze minutos, e eu volto para meu casulo.



Coloquei a coleira e a guia no Toddy, e saímos. Chegando na esquina, estavam os pais da Maria, com o irmãozinho dela, de 14 anos, e três jovens, entre 11 e 14 anos.

Maria é louca por cães. Não se importa de ser babada, arranhada, arrastada pelo monstrinho desenfreado, e ele sente isso, e apronta todas. Eu fico meio sem graça, afinal, é o meu cão, e se ele é mal educado, a culpa seria minha, né?
Mas os pais dela, meus vizinhos, são super tranquilos, e também não ligam de se sujar para brincar com os cachorros. A Lu é irmã de um colega do segundo grau, é pouco mais velha que eu, e o marido dela também. Temos pouco contato, mesmo como vizinhos, mas adorei passar mais tempo. Outros vizinhos passaram, ficaram alguns minutos, conversaram. Alguns eu nem sabia que eram vizinhos.

Então, nos sentamos na esquina, com os cães se conhecendo, e a gente conversando e observando.

Toddy está com 13 meses, e pesa uns 40 kg. Fubá é mais velho, mas um pouco menor. Só que o Toddy ainda é moleque, e logo se submeteu ao cão mais velho.

Depois de pular em cima de todo mundo, me matar de vergonha, correr para lá e para cá, derrubar a Maria no chão... ele sossegou. E ficou deitado do meu lado, e não adiantava a Maria chamar para brincar.

Então resolvi soltar a guia, e ver o que ele ia aprontar. Ele foi um amor. Ficou na dele, brincou com todas as crianças, até com uma menininha de no máximo uns dois anos, minha xará, que adora cachorros. Eu fiquei com medo dele derrubá-la sem querer, já que ele não tem noção do tamanho e da força que tem. Mas ele foi um gentleman, deixou a Renatinha até abracá-lo, sem tentar subir em cima dela.

E o tempo passou, acabei aceitando um copo de cerveja, que se tornou dois, três... E o tempo passou, a tarde acabou.

Toddy se divertiu como nunca, e eu também me diverti.

Foi como voltar a uma época de inocência, quando havia seis ou sete casas no quarteirão, todo mundo se conhecia, os adolescentes paqueravam, as crianças jogavam queimada, e a gente ficava na rua até dez, onze da noite.

Me lembrei da música do Rappa: "as crianças brincando na rua, como se fosse no quintal, a cerveja gelada na esquina, como se espantasse o mal".

Saudade de jogar queimada na rua...