sexta-feira, 30 de abril de 2010

E é assim que acaba o mundo

"Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!

"(...) Esta é a terra morta
Esta é a terra do cacto
Aqui as imagens de pedra
Estão eretas, aqui recebem elas
A súplica da mão de um morto
Sob o lampejo de uma estrela agonizante.

"(...) E é assim que acaba o mundo
E é assim que acaba o mundo
E é assim que acaba o mundo
Não com estrondo, mas com um suspiro.
("Os Homens Ocos", T. S. Eliot)


Apenas um poema, já que estou me sentindo melancólica.

Sobre cair e levantar

Sou uma pessoa propensa a tombos. Sempre fui, pelo que me lembro.
Na infância já era desajeitada, na adolescência, piorou. Na faculdade, tive um tombo tão memorável, que no meu discurso de oradora me senti obrigada a mencioná-lo.Eu era a "Renata do tombo", pelo que me consta.
Mas me equilibrei (mais ou menos...) Só que, agora há pouco, sofri outra queda, que me tirou do prumo.
Quedas emocionais, isso nem vale a pena falar. São tantas, e a gente "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".
Só que hoje, relativamente sóbria, levei um tombo sem explicação, nas escadarias de um bar, o qual sempre frequento, que estou pasma.
Tento reconstruir a dinâmica dos fatos, como faço nos meus IP's, e não consigo.
Melhor deixar prá lá.
Vai entrar nos anais, dos tombos da Renata.
Só que este me esfolou, poxa!
Que coisa. Deviam proibir escadarias em locais de aglomeração de pessoas.
Imaginem se eu estivesse como a Scarlet?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sobre cães e gatos





















Sempre fui mais fã de gatos do que de cachorros. Gatos dão menos trabalho, combinam comigo... haha
Mas em agosto do ano passado ganhei um filhote de labrador, com a desculpa de que era para ficar com meu pai, no sítio.
E chegou aquela pelotinha marrom, cheio de pulgas, subnutrido, fedido, mas fofo.
Ele é um labrador chocolate, fora do padrão (tem os olhos meio amarelo-esverdeados), mas quem se importa com padrão?
Eu não, adoro vira-lata, inclusive.
Mas o ponto central é: o cachorro era para o meu pai, só ficaria aqui até tomar as vacinas (120 dias), mas foi tempo suficiente para eu me apaixonar.
Batizei-o de Toddy (dãaa, original, eu sei...) e ele é terrível!
Nas fotos acima, dá pra visualizar o crescimento do meu monstrinho:

1 - Logo que chegou, com o gato de pelúcia, do mesmo tamanho
2 - Dois meses depois, já mordendo a cabeça do gato
3 - Com sete meses, cadê o gato? Subiu no telhado...
Ele arrancou a cabeça do gato, coitado...

Até hoje, a pior travessura dele foi a seguinte:

Reveillon, nós no sítio, só o meu irmão em casa, com o Toddy. O Junior não é fã de cachorros não, nunca foi, mas até que ele curte o Toddy. Só que labrador é um animal social, gosta de ter companhia, e fica estressado por ficar sozinho.
Como eu viajei à noite, indo primeiro para a cidade, não rolou de levar o monstrinho. No dia seguinte, minha mãe não animou de levá-lo, tampouco minha irmã. E ele ficou.

Sábado, estávamos tomando uma cerveja, quando toca o celular da mamãe, e eu atendo, já que era o Junior.

- Mamãe tá aí?
Eu:
- Tá!
Ele: - Chama ela!
Eu:
- Mãe, telefone!!
Ela atendeu, e eu estava por perto, continuei.
De repente, após segundos de silêncio, começaram as exclamações:
- Misericórdia! Santíssimo Sacramento! São Geraldo!! Mas como vc vai fazer? Vc tinha dado comida pra ele?
Aí eu surtei: "o que foi? o que aconteceu com meu cachorro? ( o Jr. uma vez quase atropelou o Toddy, quando este era menor e mais lerdinho)
E ela:
- Mas e agora? Meu Deus!! Minha Mãe do Céu!
E eu:
- Fala logo, o que foi? ( e já pensando como ia fazer para dirigir, depois de tomar cerveja a tarde toda)
Aí ela afastou o telefone e falou:
- SEU CACHORRO COMEU O PORTÃO ELETRÔNICO!!!!
- Ahn???!!!???
Relaxei, afinal, menos mal, pelo menos não ia ter que sair correndo para socorrer o Toddy.
Sentei de novo na cozinha, onde estávamos conversando e tomando cerveja, e quando meu cunhado perguntou o motivo do drama, respondi:
- O Toddy comeu o motor do portão eletrônico! Como é que ele fez isso??!!??
E o besta do meu cunhado, zoador como ele só:
- Muito simples, ele pegou garfo, faca, colocou um guardanapo na coleira, deitou em frente ao motor, e falou: acho que vou degustar este fio..nhanhanh... hum, agora, acho que este parafuso...

Ainda bem que ele estava lá, para quebrar o clima, e fazer graça com o drama.

Mas imagine, o cachorro conseguir arrancar a capa de proteção, e destruir, sistematicamente, um motor? Deve ter tomado uns choques, e aí, ficou mais p... e estraçalhou tudo!!!

Meu cachorro, o monstrinho!!!



quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vamos tomar os chifres de volta!!!




Hoje um amigo me falou, pelo msn, sobre este movimento, do Dee Snider, chamado "Take back the horns".
O "movimento" visa recuperar o gesto do chifre das mãos profanas daqueles que não são legítimos fãs de heavy metal.

O gesto (que segundo o site e o Dee Snider, foi introduzido no metal pelo Ronnie James Dio, e quaisquer outros que aleguem em contrário são mentirosos ou pirados, como Gene Simmons) tem sido difundido e apropriado por pessoas alheias ao seu significado profundo (não me perguntem, perguntem ao Snider e ao Dio! apesar que me lembro de um documentário antigaço sobre heavy metal, quando se falava em símbolo satânico, etc, não lembro se foi o Alice Cooper...)

Thank you Ronnie James Dio for giving us a gift even greater than your music or your powerful voice. I’m sure you never expected this to be your greatest legacy.

When exactly the metal horns jumped the rails (or the shark if you like) and spilled over into the mainstream and other music forms, it is difficult to be certain. I do have my own theory; I blame Bon Jovi (See the mission statement section of this website for more details.), but I can’t prove it irrefutably.

No site, o cara coloca o que seriam "maus exemplos" do uso do famoso gesto com os dedos indicador e mínimo, formando o que já foi o gesto tradicional dos "metaleiros" (eca, odeio esta expressão!).

Vou tentar traduzir um pequeno exemplo do que ele fala sobre o movimento:

Exhibit A:
Jon Bon JoviI was in a clothing store and heard a customer ask some preppy sales girl to find a specific sized, pair of pants for her. Upon aking the requested item off the shelf, the sales girl...threw the Metal Horns! That’s not metal! That’s not even an accomplishment worthy of any sort of celebration. The Girlscouts give out merit badges for doing pretty much anything--and they give a badge out for that! It should be noted that a Bon Jovi song was playing on the instore music system. No I don’t remember which one! I have a theory about Bon Jovi’s culpability in the abuse of the metal horns. I’ll explain later.***

(minha trad. livre, ok? Perdoem eventuais equívocos!
"Eu estava em uma loja de roupas, e ouvi um cliente perguntar a vendedora patricinha como encontrar determinado tamanho de calças. ao atender o pedido e retirar o item da prateleira, a vendedora... fez o sinal dos Chifres do Metal! Isso não é metal! Isso não é nem um feito merecedor de qualquer celebração. As bandeirantes ganham estrelinhas de prêmio por fazer qualquer coisa, e nem elas dariam uma estrelinha por aquilo! Eu devia ter percebido que estava tocando uma música do Bon Jovi no sistema de som da loja. Não, eu não lembro qual música! Eu tenho uma teoria sobre a responsabilidade do Bon Jovi no abuso dos chifres do metal. Explico depois. ***"

Adoro Bon Jovi, não me crucifiquem, hein! Mas acho que eles tem razão: eu pelo menos não fico fazendo "metal horns" em shows dele... no máximo em "You give love..." hahaha

***In the interest of complete disclosure it should be noted that I tend to blame Bon Jovi for pretty much everything wrong in the world. The death of 80’s metal, the failing record industry, the crumbling economy, the Bush presidency, etc. are all Bon Jovi’s fault. While I can back each of my accusations with statistics, solid arguments and physical evidence, my wife Suzette insists that I’m just jealous because Bon Jovi continues to be successful and Jon Bon Jovi is handsome. There may be some truth to this.

(de novo, minha tradução capenga) "***Em nome da completa verdade, deve ser notado que eu tendo a culpar o Bon Jovi por basicamente tudo de errado no mundo. A morte do metal dos anos 80, o fracasso da indústria musical, a crise econômica, o presidente Bush, etc, tudo isso é culpa do Bon Jovi. Enquanto eu fundamento todas as minhas acusações em estatísticas, sólidos argumentos e evidências físicas, minha esposa Suzette insiste que eu só estou com inveja, porque o Bon Jovi continua bem sucedido e o Jon Bon Jovi é lindo. Pode haver alguma verdade nisso."

Falando em Bon Jovi, ouvi falar que eles vão tocar no Brasil em 2010, salvo engano em novembro. Será que é verdade?
Se for, eu vooooouuuuuuu!!!!!

P.S.
lá em cima, algumas fotos de bons exemplos do uso do Sagrado Chifre do Metal, comigo usando, lógico, nos shows de Iron Maiden, Metallica e AC/DC!!!

p.p.s: quanto ao significado dos chifres, quem já leu "O Código Da Vinci" sabe da versão de se tratar de um antigo símbolo de fertilidade.

Abaixo as excelências!

Achei o texto abaixo fazendo uma pesquisa sobre outro tema, mas não posso deixar de compartilhar:

publicado na Folha de São Paulo do dia , 16 de julho de 2008, caderno Tendências/Debates, página A3.

Chega de Excelências, senhores!

Em 13/6 , um juiz do Paraná desmarcou uma audiência porque um trabalhador rural compareceu ao fórum de chinelos, conduta considerada "incompatível com a dignidade do Poder Judiciário".

Não muito antes, policiais do Distrito Federal fizeram requerimento para que fossem tratados por "Excelência", tal qual promotores e juízes.

Há alguns meses, foi noticiado que outro juiz, este do Rio de Janeiro, entrou com uma ação judicial para obrigar o porteiro de seu condomínio residencial a tratar-lhe por "doutor".

Tais fatos poderiam apenas soar como anedotas ridículas da necessidade humana de criar (e pertencer a) castas privilegiadas. No entanto, os palácios de mármore e vidro da Justiça, os altares erguidos nas salas de audiência para juízes e promotores e o tratamento "Excelentíssimo" dispensado às altas autoridades são resquícios diretos da mal resolvida proclamação da República brasileira, que manteve privilégios monárquicos aos detentores do poder.

Com efeito, os nobres do Império compravam títulos nobiliárquicos a peso de ouro para que, na qualidade de barões e duques, pudessem se aproximar da majestade imperial e divina da família real.

Com a extinção da monarquia, a tradição foi mantida por lei, impondo-se diferenciado tratamento aos "escolhidos", como se a respeitabilidade dos cargos públicos pudesse, numa república, ser medida pela "excelência" do pronome de tratamento.

Os demais, que deveriam só ser cidadãos, mantiveram a única qualidade que sempre lhes coube: a de súditos (não poderia ser diferente, já que a proclamação não passou de um movimento da elite, sem nenhuma influência ou participação popular).

Por isso, muitas Excelências exigem tratamento diferenciado também em sua vida privada, no estilo das famosas "carteiradas", sempre precedidas da intimidatória pergunta: "Você sabe com quem está falando?".

É fato que a arrogância humana não seduz apenas os mandarins estatais. A seleta casta universitária e religiosa mantém igualmente a tradição monárquica das magnificências, santidades, eminências e reverências. Tem até o "Vossa Excelência Reverendíssima" (esse é o cara!).

Somos, assim, uma República com espírito monárquico.

As Excelências, para se diferenciarem dos mortais, ornam-se com imponentes becas e togas, cujo figurino é baseado nas majestáticas vestimentas reais do passado. Para comparecer à sua presença, o súdito deve se vestir convenientemente. Se não tiver dinheiro para isso, que coma brioches, como sugeriu a rainha Maria Antonieta aos esfomeados que não podiam comprar pão na França do século 18.

Enquanto isso, barões sangram os cofres públicos impunemente. Caso flagrados, por acaso ou por alguma investigação corajosa, trata a Justiça de soltá-los imediatamente, pois pertencem ao mesmo clã nobre (não raro, magistrados da alta cúpula judiciária são nomeados pelo baronato).

Os sapatos caros dos corruptos têm livre trânsito nos palácios judiciais, com seus advogados persuasivos (muitos deles são filhos dos próprios julgadores, garantindo-lhes uma promiscuidade hereditária), enquanto os chinelos dos trabalhadores honestos são barrados. Eles, os chinelos, são apenas súditos. O único estabelecimento estatal digno deles é a prisão, local em que proliferam.

A tradição monárquica ainda está longe de sucumbir, pois é respaldada pelo estilo contemporâneo do liberal-consumismo, que valoriza as pessoas pelo que têm, e não pelo que são.

Por isso, após quase 120 anos da proclamação da República, ainda é tão difícil perceber que o respeito devido às autoridades devia ser apenas conseqüência do equilíbrio e bom senso dos que exercem o poder; que as honrarias oficiais só servem para esconder os ineptos; que, quanto mais incompetente, mais se busca reconhecimentos artificiais etc.

Numa verdadeira República, que o Brasil ainda há de um dia fundar, o único tratamento formal possível, desde o presidente da nação ao mais humilde trabalhador (ou desempregado), será o de "senhor", da nossa tradição popular.

Os detentores do poder, em vez de ostentar títulos ridículos, terão o tratamento respeitoso de servidor público, que o são. E que sejam exonerados se não forem excelentes!

Seus verdadeiros chefes, cidadãos com ou sem chinelos, legítimos financiadores de seus salários, terão a dignidade promovida com respeito e reverência, como determina o contrato firmado pela sociedade na Constituição da República.
Abaixo as Excelências!

Fausto Rodrigues de Lima , 36, é promotor de Justiça do Distrito Federal.


domingo, 25 de abril de 2010

Polícia e imprensa - o tormento da manipulação

Texto de outubro de 2009.

Neste feriado sem graça, ao acordar e buscar o jornal, vejo, na
primeira página do "grande jornal dos mineiros", "imprensado" - perdão

pelo trocadilho - entre alguns pm's, o
prefeito de Raposos. A
manchete: prefeito
mal na foto.

Nas palavras do Min. Sepúlveda Pertence, a Lei 11.343/06, no
tratamento que deu ao usuário, gerou uma "despenalização, cujo traço

marcante foi o rompimento - antes existente apenas com relação às

pessoas jurídicas e, ainda assim, por uma impossibilidade material de

execução (CF/88, art. 225, § 3º); e L. 9.605/98, arts. 3º; 21/24) - da

tradição da imposição de penas privativas de liberdade como sanção

principal ou substitutiva de toda infração penal." (RE 430105 QO/RJ)

O legislador tratou o usuário como dependente, e a ele não impõe a
sanção corporal da privação de liberdade.

Impede também a detenção do agente, nos termo do §3ª do artigo 48, da

mesma Lei.

Ora, o que se busca é o tratamento e a recuperação do dependente. A
dependência química é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde

como uma enfermidade incurável e progressiva, apesar de poder ser

estacionada pela abstinência.

Na CID.10 (Código Internacional de Doenças) a Dependência é definida

como um “Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e

fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma

substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderoso de

tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização

persistente apesar das suas conseqüências nefastas, a uma maior

prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e

obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um

estado de abstinência física. A síndrome de dependência pode dizer

respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo,

o álcool ou o diazepam), a uma categoria de substâncias psicoativas

(por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de

substâncias farmacologicamente diferentes.”

Ainda que os instrumentos para o tratamento, inclusive "coercitivo" do
dependente sejam falhos, especialmente os oferecidos pelo aparato

estatal, e que o usuário eventual não se enquandre, inicialmente, na

classificação do dependente, não é isso que pretendo discutir.

Meu ponto aqui é a exposição midiática. Em diversos sítios da internet
a noticia esta veiculada, dando detalhes sobre a condução do autor do

fato, detalhes das declarações deste aos milicianos, uma exposição

desnecessária da intimidade do agente.

Não creio ser esse o papel da imprensa, não de uma imprensa

responsável, e muito menos da Polícia.

A cada dia, quando os desvalidos são expostos pela PM na Itatiaia, na

Record, no Super, e em outras mídias, me revolto. As vezes ficamos em

situações difíceis, pois fica complicado negar a um veículo o acesso

que outro já teve, mas mesmo quando permito a entrevista, é com o o

coração na mão, pois sei que na maioria das vezes deturparão metade do

que eu explicar...

Os pm's conduzem o indivíduo, favelado, rasgado, de chinelo, com treze

pedras de crack, cem reais trocado, uma balança "de precisão", e

trazem a família inteira conduzida junto, todos "presos em flagrante

por associação para o tráfico", nas palavras do comandante da viatura.

E o reporter fica satisfeito, e busca o melhor angulo para exibir

aquele estereotipo clássico do "bandido", e já imagina a manchete:

Família de traficantes é presa pela PM!

Ninguém espera para saber onde estava a droga, e como foi encontrado o

dinheiro: a droga a três casas de distância, e o dinheiro, tiveram que

juntar as quatro pessoas da família para conseguir a absurda quantia

de cem reais, que "provava" que eles estavam "envolvidos com o

tráfico". E o delegado, obviamente, não flagra ninguém... mas o que

importa? Afinal, a "PM prende e a Civil solta" mesmo....

Não conheço o prefeito de Raposos. Não sei se ele é dependente, se é

usuário eventual. Não sei de sua orientação sexual, de sua reputação

como administrador público.

Não estou defendendo legalização, descriminalização, nada. Tenho meu

posicionamento quanto a estes aspectos, nas não foi esse o objetivo da

postagem, e sim questionar, mais uma vez, os absurdos midiáticos da

PM. Se eu fosse o prefeito, ou familiar dele, entraria contra o

Estado, contra a imprensa, contra o PM que tirou aquelas fotos.

Tá, vão dizer que ele estava em local público, que não pode querer

preservação da sua intimidade se praticou o ato em local público, etc.

Mas o que ele falou com os milicianos, falou com o Estado. O Estado

não pode agir como particular, e expor a imagem do particular dessa

maneira.

Abs e bom feriado!!!


Já nessa semana que passou, tive que apresentar à imprensa informações sobre um fato policial ocorrido em Contagem.

E nas duas manifestações midiáticas às quais tive acesso, o jornal e a televisiva, percebi traços dessa mesma manipulação.

Fica difícil acreditar na imprensa, quando temos experiências concretas demonstrando que a edição pode mudar tudo.

A televisiva não ficou ruim, mas no tablóide, editaram de forma a só deixar o sensacionalista, sem atentar para as inúmeras possibilitades de criar uma discussão válida sobre a nossa cultura de violência.

Decepcionante...

Dia de São Jorge, Aniversário de Cervantes, um livro e uma rosa














Sexta-feira foi o dia de São Jorge.

Como as vezes eu gosto mais do dragão que do santo, não vou matar nenhum dos dois. Só que esqueci de ambos. Dia tumultuado, entrevista sobre um caso triste mas comum, as edições normais para transformar a situação em "digna" de sair em primeira página de tablóide popular de BH e RMBH, e à noite, pra variar, o de sempre.
Mas só percebi que dia 23 havia vindo e passado no dia 24... brilhante, eu, né?

Para quem não ouviu falar, dia 23 de abril é dia de São Jorge, padroeiro da Catalunha, região da Espanha.

É também, pelo que se sabe ou se pode confiar nos registros da época, aniversário das mortes de Miguel Cervantes e William Shakespeare, ambos não só escritores mas possivelmente criadores da própria literatura de lingua espanhola e inglesa, respectivamente.
Atualmente, a data foi incorporada e designada para ser o Dia Internacional do Livro e do Direito Autoral, e a tradição catalunha de as mulheres receberem uma rosa, e retribuírem aos homens com uma obra literária tem sido espalhada pelo mundo.

Parafraseando a postagem da Lola, eu troco a rosa pelo livro, a qualquer hora! Ou melhor ainda, fico com a rosa e com o livro!

P.S.: o caso triste foi o da criança pega no fogo cruzado da discussão entre os pais, e foi atingida pela garrafa térmica arremessada pelo pai. Aqui, a reportagem televisiva.


"Rock and roll" Inc.

Em março fui ao show do "Guns 'n Roses" Inc. (de guns, só tinha o Axl, botocado, botocudo, uma perfeita diva).
Foi no Mineirinho, e eu fui de arquibancada, então nem me preocupei em levar a câmera, pq as fotos iam ficar uma porcaria...
Mas o que quero falar é sobre outra coisa:
Quem abriu o show (dp da bandinha daqui de BH, esqueci o nome, perdão! ) foi o Sebastian Bach, do extinto Skid Row.
E, vou te dizer, o showzinho do Tião não teve telão, não teve luzes, nem fogos, só teve... rock 'n roll, na sua expressão mais... pura?!


Não, pura não, afinal, foi um show para mais de 10.000 pessoas, em um ginásio (uma acústica terrível, como sempre, não melhorou nada desde o primeiro show do Skid, em 1992). Mas, diante dos artifícios usados pelo mr. Rose, que trocou de roupa 6 vezes, e não tirou a camisa nem uma vez (não sei se feliz ou infelizmente... ), não foi focalizado no telão nem uma vez seu rosto irreconhecível de tanto botox, liftings, e sabe-se lá o que mais, o show cru e básico do Sebastian foi um alívio, uma delícia, uma injeção de adrenalina.

Ele trocou de camisa no palco... delícia!!!

E colocou uma camisa da seleção canarinho, com o apelido brasileiro para Sebastian... hehehe
Já o Axl...
Saudades dos tempos da bermudinha, né?



Td bem que o tempo foi cruel tb para a beleza do Sebastian, mas ele soube se tornar um rocker de meia idade com mais, sei lá, manha? que o pobre do Axl, que tá parecendo mais a Hebe ou a Joan Rivers...


Olha a produção do mr. Rose, e olhe lá em cima o palquinho do Bach...
e te falo, o Bach foi melhor!!!




Estava eu, com a Cinara, amiga da minha irmã mais nova, dos tempos de Funec, hoje casada, com um bebê, e dois colegas dela. Eles eu esqueci a idade, mas a minha e a dela, somadas, dá mais que o limite de velocidade em via de trânsito rápido.
E do nosso lado, pais, levando filhos adolescentes, para curtir, quem sabe, o primeiro show de rock. E os moleques nem pulavam! Que p... é essa?



A noite dissolve os homens

A noite dissolve os homens
(Carlos Drummond de Andrade
Livro: "O Sentimento do Mundo")

"A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos.
E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam.
A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate,
nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão.
A noite caiu. Tremenda, sem esperança...
Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros.

E o amor não abre caminho na noite.
A noite é mortal, completa, sem reticências,
a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer,
a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes!
nas suas fardas.

A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio...
Os suicidas tinham razão.

Aurora, entretanto eu te diviso, ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender
e dos bens que repartirás com todos os homens.

Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.

O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,
teus dedos frios, que ainda se não modelaram mas que avançam
na escuridão como um sinal verde e peremptório.

Minha fadiga encontrará em ti o seu termo,
minha carne estremece na certeza de tua vinda.

O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,
os corpos hirtos adquirem uma fluidez, uma inocência, um perdão
simples e macio...

Havemos de amanhecer.
O mundo se tinge com as tintas da antemanhã
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
para colorir tuas pálidas faces, aurora"

Entre tantos falsos Drummonds, que são interessantes, mas não tem a profundidade do poeta itabirense, lembrei-me deste, que li há alguns anos.
Este poema foi escrito em 1940, no auge da ocupação nazista, e quando Getúlio ainda apoiava o Eixo e os governos facistas de Hitler, Mussolini e Franco.
Nos dias em que vivemos, além de sangue, escorre limo, lama, pus. A noite de nossa época não é a guerra declarada, não é o autoritarismo escancarado. A noite é a desonestidade, a corrupção, a falta de escrúpulos, a impunidade, a violência cotidiana, rotineira, comum e sem limites.
A aurora?
Eu creio que ela há de chegar, pelos atos anônimos e despreendidos daqueles que não compactuam com a amoralidade e com a desonestidade.
Para cada ato de covardia, temos vários de bravura.
Para cada ato de corrupção, temos vários de probidade.
A aurora há de chegar e diluir essa noite tenebrosa.
O choro e o ranger de dentes, a raiva e a humilhação, são o pus que escorre dessa ferida fétida, e como o sangue que escorre, é necessário para colorir as pálidas faces do amanhecer.


Escrevi este texto há alguns anos, e compartilhei com alguns amigos, por e-mail e pelo orkut.

Foi uma resposta a certos textos que nos eram encaminhados, como de autoria de Drummond, de Shakespeare, de Luis Fernando Veríssimo, de Arnaldo Jabour (pra vermos como colocam todos no mesmo saco). Na verdade, não sou uma grande leitora de poesia, prefiro prosa. Mas alguns poemas são maravilhosos. Este, a noite dissolve os homens, descobri na oitava série, havia um excertozinho no livro didático de literatura, e eu procurei até achar o poema inteiro.

Então ele sempre está na minha memória, entre os meus favoritos.

P.S.:

Stalingrado foi uma das mais terríveis batalhas da 2ª Grande Guerra Mundial, tendo o cerco nazista custado as vidas de mais de 1.000.000 (um milhão de pessoas), entre soldados soviéticos e civis, habitantes da cidade.

P.P.S: Este é ano eleitoral.

Já começaram as campanhas difamatórias, os e-mails encaminhados, sem origem e sem assinatura, propagando inverdades ou meias-verdades.

Vai escorrer ainda muito pus, fétido, podre, dessa noite política que vivemos.

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Mas não perco (não perdi ainda...) a esperança na democracia, e no amadurecimento deste recém-nascido, que é o Estado Democrático de Direito brasileiro.




As agruras e as delícias de ser

Viver é estar sujeito a dores e prazeres.
As vezes, tão singelos que nem percebemos no momento, e as vezes, tão overwhelming, que precisamos compartilhar.
Pois bem, vou aqui compartilhar minhas dores, meus prazeres, minhas agruras e delícias, meus choro e ranger de dentes, e minhas bolhas de sabão coloridas, aqueles momentos em que a alegria prevalece, e faz a vida valer a pena, já que a alma não é pequena...

Welcome!!!!




Curtir o bom e velho rock and roll sempre é uma delícia
ficar como a Emília, questionando as certezas do mundo, é dor e delícia


Último preconceito aceitável... agrura impossível
Delíciaaaaa!!!!!!!!!!!